Não gostaram nada do Homo simplex. Fizeram muito bem. É que se tivessem gostado a coisa ia ficar feia. Para as Peles e para o Tempo.
Foi o que me disseram de vários lados e por várias vezes. Uns de viva voz. Mas a maior parte dos avisos foram feitos por telemóvel. Ele tocava, eu atendia, e lá estava uma voz que dizia e dava risinhos:
- Não estás a ouvir uns barulhinhos? Sou eu, um dos ajudantes. Estou a escutar-te.
Perguntei-lhe se não era costume fazerem as escutas sem aviso prévio, e ela disse que sim. Perguntei, então, qual a razão de me avisar a mim. E ela respondeu, alegre e contente:
- É para agradecer aquela coisa do rabo e do cérebro. Nem todos reconhecem as nossas qualidades. Não percebi muito bem aquilo do cérebro na cadeira, nem aquilo do rabo a abanar, mas isso é um pormenor. E só pode ser coisa boa.
Disse-me que também ia telefonar ao Tempo. E, para ficar sossegado, que, como ninguém liga ao que eu escrevo, ia anotar, no seu relatório secreto, que eu poderia, eventualmente, continuar a falar. E, depois, num tom já mais camarada:
- Olha! Mas vou continuar a escutar-te. Para ver se voltas a falar dos nossos rabos agitados e dos nossos cérebros sentados. Gostei daquilo! Não percebi muito bem, mas gostei. Aquilo só pode querer dizer que os nossos rabos são elegantes e ágeis na sua função natural; e que os nossos cérebros, de grandes que são, mudaram de lugar, e nos sentamos neles, para abafar os sons, mas o cheiro não, quando deles se solta um pensamento nosso.
Nota: Isto preciso dum arranjo ainda; mas, para já, fica mesmo assim.
sábado, 3 de novembro de 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
10 comentários:
Tempobreve,
Não corra,não tenha pressa;assim,o tempo mata e eu não quero que morra
já!As saias têm de sentir as peles,não acha?Como as peles estão cheias de saias,saia uma camada para dar tempo às outras que se querem mostrar.
Belinda:
Não me peça que corra parado, sim? Às vezes tenho que correr. Mesmo contra o "Tempo",que esse maroto gostaria que eu lhe desse mais tempo do que o tempo que eu lhe posso dar. E já é de mais.
Isso das saias e das peles é muito bonito e simples. Ora, reunir o bonito e o simples, de tal modo que um engrandeça o outro, não é coisa fácil. Por isso, há que despir o simples, as saias, no momento certo, para que o bonito das peles se vá revelando.
Estou a ver que ainda tenho que contar aqui a tal história das peles e das saias. Não me obrigue a isso, está bem?
Olhe cá uma coisa, aqui só para nós:
- Quem é que lhe disse que há várias camadas de pele em gradações de beleza crescente, à medida que se vão tirando?
:-)
Hum...isso não posso dizer.É segredo!E os segredos ficam cá,no nosso jardim secreto,(que nós temos jardins secretos,ó se temos!)
que esconde sempre o que de mais lindo há,não concorda comigo,tempobreve?
Mas conte,conte lá a história das peles e das saias que,pela sonoridade das palavras,adivinha-se
fantasia p'ra escutar,p'ra pensar.
Isto não precisa de arranjo nenhum.Percebe-se lindamente!
Até os de cérebros sentados nas cadeiras perceberam! Os cheiros é que eram escusados, que poluído já anda o ar que chegue, quanto mais estas estridências olfactivas...
O que nos vale é este tempo a estoirar de sol que nos faz mostrar as peles. Pena ser tão breve!
Para si,o mesmo sorriso que você teve quando escreveu tudo isto.
:)
Onde anda a graçagrega? Você vestiu outra pele ou despiu-se das saias e não se quer mostrar assim despudorada? Ou sabe que de despojada tem mais calor e que este tempo promete?
Caro anónimo:
A graçagrega tem um blogue, como você sabe. Às vezes, vou até lá, e deixo um comentário breve.
Faça como eu. Vá até lá.
E por aqui me fico. Pelo menos para já.
Um abraço.
Ele há tempos tão inteligentes que o melhor é não tirarmos a saia para não se ver a pele...
Belinda:
Claro que temos jardins secretos, com as flores mais raras. Às vezes,com espinhos também,para que saibamos que o que é mais fundo, que o que é mais lindo, exige esforço,exige cuidado para se nos dar.
- Conte lá! - ordenou você.
Claro que não conto, que aquele "lá" parace favor. E eu isso não faço.
Estou a brincar.
:-)
Ibel:
Obrigado por me ter dispensado do arranjo. Você tem razão.
A brevidade do tempo de mostrar as peles só acontece para que depressa chegue outra vez o tempo de as mostrar de novo.
Como adivinhou que eu sorri e ri quando escrevi "aquilo"?
Você adivinha?
:-)
Caro anónimo:
Acho que em todos os tempos há tempos inteligentes. Acho até que todos o são. Basta que se busque. Basta que se queira. Não se tema deles.
Obrigado por ter vindo.
Mais um abraço.
Enviar um comentário