sábado, 3 de novembro de 2007

Sentados no cérebro a abanar o rabo

Não gostaram nada do Homo simplex. Fizeram muito bem. É que se tivessem gostado a coisa ia ficar feia. Para as Peles e para o Tempo.
Foi o que me disseram de vários lados e por várias vezes. Uns de viva voz. Mas a maior parte dos avisos foram feitos por telemóvel. Ele tocava, eu atendia, e lá estava uma voz que dizia e dava risinhos:
- Não estás a ouvir uns barulhinhos? Sou eu, um dos ajudantes. Estou a escutar-te.
Perguntei-lhe se não era costume fazerem as escutas sem aviso prévio, e ela disse que sim. Perguntei, então, qual a razão de me avisar a mim. E ela respondeu, alegre e contente:
- É para agradecer aquela coisa do rabo e do cérebro. Nem todos reconhecem as nossas qualidades. Não percebi muito bem aquilo do cérebro na cadeira, nem aquilo do rabo a abanar, mas isso é um pormenor. E só pode ser coisa boa.
Disse-me que também ia telefonar ao Tempo. E, para ficar sossegado, que, como ninguém liga ao que eu escrevo, ia anotar, no seu relatório secreto, que eu poderia, eventualmente, continuar a falar. E, depois, num tom já mais camarada:
- Olha! Mas vou continuar a escutar-te. Para ver se voltas a falar dos nossos rabos agitados e dos nossos cérebros sentados. Gostei daquilo! Não percebi muito bem, mas gostei. Aquilo só pode querer dizer que os nossos rabos são elegantes e ágeis na sua função natural; e que os nossos cérebros, de grandes que são, mudaram de lugar, e nos sentamos neles, para abafar os sons, mas o cheiro não, quando deles se solta um pensamento nosso.

Nota: Isto preciso dum arranjo ainda; mas, para já, fica mesmo assim.

10 comentários:

Anónimo disse...

Tempobreve,
Não corra,não tenha pressa;assim,o tempo mata e eu não quero que morra
já!As saias têm de sentir as peles,não acha?Como as peles estão cheias de saias,saia uma camada para dar tempo às outras que se querem mostrar.

TempoBreve disse...

Belinda:

Não me peça que corra parado, sim? Às vezes tenho que correr. Mesmo contra o "Tempo",que esse maroto gostaria que eu lhe desse mais tempo do que o tempo que eu lhe posso dar. E já é de mais.
Isso das saias e das peles é muito bonito e simples. Ora, reunir o bonito e o simples, de tal modo que um engrandeça o outro, não é coisa fácil. Por isso, há que despir o simples, as saias, no momento certo, para que o bonito das peles se vá revelando.
Estou a ver que ainda tenho que contar aqui a tal história das peles e das saias. Não me obrigue a isso, está bem?
Olhe cá uma coisa, aqui só para nós:
- Quem é que lhe disse que há várias camadas de pele em gradações de beleza crescente, à medida que se vão tirando?
:-)

Anónimo disse...

Hum...isso não posso dizer.É segredo!E os segredos ficam cá,no nosso jardim secreto,(que nós temos jardins secretos,ó se temos!)
que esconde sempre o que de mais lindo há,não concorda comigo,tempobreve?
Mas conte,conte lá a história das peles e das saias que,pela sonoridade das palavras,adivinha-se
fantasia p'ra escutar,p'ra pensar.

Anónimo disse...

Isto não precisa de arranjo nenhum.Percebe-se lindamente!
Até os de cérebros sentados nas cadeiras perceberam! Os cheiros é que eram escusados, que poluído já anda o ar que chegue, quanto mais estas estridências olfactivas...
O que nos vale é este tempo a estoirar de sol que nos faz mostrar as peles. Pena ser tão breve!
Para si,o mesmo sorriso que você teve quando escreveu tudo isto.
:)

Anónimo disse...

Onde anda a graçagrega? Você vestiu outra pele ou despiu-se das saias e não se quer mostrar assim despudorada? Ou sabe que de despojada tem mais calor e que este tempo promete?

TempoBreve disse...

Caro anónimo:
A graçagrega tem um blogue, como você sabe. Às vezes, vou até lá, e deixo um comentário breve.
Faça como eu. Vá até lá.
E por aqui me fico. Pelo menos para já.
Um abraço.

Anónimo disse...

Ele há tempos tão inteligentes que o melhor é não tirarmos a saia para não se ver a pele...

TempoBreve disse...

Belinda:
Claro que temos jardins secretos, com as flores mais raras. Às vezes,com espinhos também,para que saibamos que o que é mais fundo, que o que é mais lindo, exige esforço,exige cuidado para se nos dar.
- Conte lá! - ordenou você.
Claro que não conto, que aquele "lá" parace favor. E eu isso não faço.
Estou a brincar.
:-)

TempoBreve disse...

Ibel:

Obrigado por me ter dispensado do arranjo. Você tem razão.
A brevidade do tempo de mostrar as peles só acontece para que depressa chegue outra vez o tempo de as mostrar de novo.
Como adivinhou que eu sorri e ri quando escrevi "aquilo"?
Você adivinha?
:-)

TempoBreve disse...

Caro anónimo:

Acho que em todos os tempos há tempos inteligentes. Acho até que todos o são. Basta que se busque. Basta que se queira. Não se tema deles.
Obrigado por ter vindo.
Mais um abraço.