quarta-feira, 21 de novembro de 2007

O macaco e eu

Ninguém vai comentar com desdém, ou sequer insinuar menos apreço, acerca daquele senhor, que apareceu aqui em baixo. Não sei donde ele surgiu. Nem que veio aqui fazer. Mas caiu-me cá em casa, e vou deixá-lo aqui ficar.
Até porque ele aparece com aquele ar pensador, agora tão em desuso; com aquela esperteza no olhar calmo, que se vai tornando rara; com aquelas rugas sábias, de paciente ironia; com aquele sarcasmo tão leve, que chega a parecer que não; com aquele gesto enrolado de mão, sustendo elegante o queixo; com aquela linha de sombra leve, naquela junção de lábios, ondeando a sorrir.
Tem tudo o que parece, este antropóide bonito: a sageza paciente, a elegância natural, a ironia inteligente. Ele é o que parece
Vou ficar mesmo com ele. Não sei bem qual o motivo, mas, para além do que já disse, há um não sei quê, no seu perfil encantador, que me diz para o fazer. E se não fosse cá por coisas, diria até que sou eu. Mas não digo que não posso, pois não quero que me acusem de me estar a engrandecer.
:-)

6 comentários:

Anónimo disse...

Fiquei espantado com tanta humildade(refiro-me, naturalmente, à última linha que escreveu...)! Não será falsa? Ou é mesmo isso que sente? Na pressa das compras para o Natal vou ver se encontro um espelho para lhe mandar. Assim pode tirar todas as dúvidas. O transporte, se não se importa, será o mesmo que utilizou para a pimenta... Como a destinatária parece ser cuidadosa, certamente tê-lo-á deixado limpo, não vá acontecer estar com pó da dita que lhe poderia distorcer a imagem e deixá-lo com uma dúvida ainda maior. Entretanto tenha um BOM DIA.

Anónimo disse...

Ainda bem que você se assume e se reconhece. E sem precisar de espelho!
E é exímio na descrição do animal que assume ser. Garanto-lhe que quando vi a imagem, ainda sem texto, pensei logo:-é ele, o filho do artista! O mesmo olhar, o mesmo sorriso malandro.
Gostei mesmo muito!

TempoBreve disse...

Caro anónimo:
Aguardo o espelho. Mas acho que - principalmente se ele vier partido -, o vou oferecer a uma obra de caridade qualquer.
Sabe para quê? Para não cair na tentação de trair a minha humildade. Que é muita, como sabiamente você reconhece.
Mas olhe que aqule antropóide, na forma em que está, é mesmo um senhor, não acha?
Não acontece o mesmo com muito senhoes, que são mesmo macacos.
Obrigado pela promessa. E pela prenda da visita.
:-)

TempoBreve disse...

Cara Ibel:

Com que então, você anda agora a espalhar o boato que eu sou animal! Oh, valha-me Deus! Ao que isto chegou!
Mas sabe que até gosto desse boato? Principalmente se me encaixarem nas descrição? Mas olhe que não só.
Não é para me gabar, mas até fisicamente começo a encontrar semelhanças com ele. Estou mesmo a pensar, se o não devo adoptar e pôr no meu perfil.
Será que ele se zanga?
Vou ponderar, como ele pondera.
Obrigado pelo seu regresso aqui.
:-)

Anónimo disse...

Acredite que gosto mesmo dele e do que ele lhe dita e escreve, sobretudo agora que anda mais triste, hesitante que está entre "terra e céu". O tempo dirá e se cair no voo, a tera lá está.

TempoBreve disse...

Beija-Flor:

Você diz que gosta dele. E ele merece-o bem. Por isso, quando o encontrar, vou pedir-lhe que me dite umas palavras bonitas para si.
Como ele não é palerma, nem sempre pode andar contente. Hesitar, às vezes hesita, mas acaba sempre por seguir aqueles caminhos da terra que tenham um sabor de céu.
:-)