segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O macaco anda perdido

O macaco anda fugido. Tenho andado a procurá-lo. Por isso, não tive tempo de dar qualquer seguimento à história que é a dele. Eu já sei por onde ele anda, mas não consigo deitar-lhe a mão. A culpa, vocês sabem bem, é dumas certas pessoas que usam de todos truques que o encantamento inventou.
Se você quiser saber por onde é que ele anda perdido, eu digo-lhes o sítio exacto: ele anda nos comentários, que se foram espalhando, pelo texto ali em baixo; e noutros doutros ainda. Eu também escrevi lá os meus.
É só abri-los e lê-los.
Ele manda-lhes um sorriso. E eu, para não ficar para trás, mando um também dos meus.
:-)

4 comentários:

Anónimo disse...

Afinal você conhece-o mal! Ele não anda perdido.Quer apenas que você Lhe permita encontrar-se na total figura humana que ele é e que você lhe nega. Aqueles olhos são de gente, são de HOMEM e não quero sentir-lhes o luto.Acredite que eu iria murchar e não haveria pimenta que me erguesse as pétalas.
O macaco vai procurar-me e eu vou fadá-lo de tal modo,que você vai-se arrepender de não ter trocado de pele.

TempoBreve disse...

fadaboa:

Conheço-o bem. Mas confesso que a alma dele, uma alma humana, tem escaninhos secretos a explorar melhor.
Ele anda perdido,exactamente porque eu lhe dei a total figura humana que ele merece. Naquele dizer meu de dizer que me apetecia dizer que ele era eu, era isso mesmo que eu estava a dizer: que ele era eu, e que eu era ele. Só não o disse de forma mais directa ainda, para chamar a atenção só para ele, só para a figura dele, só para os gestos dele, só para os olhos dele. Fi-lo tão humano que não me atrevi a dizer, para não me engrandecer, que ele era eu.
E, mesmo que eu não fosse ele, tornei-me nele, que você nele me fadou num comentário que fez. E se não foi você, foi alguém por si. E muitos outros comentários nos fizeram um. Você não os leu? Ainda lhe dou castigo, se não.
Não. Não vai sentir-lhes o luto, que eu não vou deixar: não a quero de luto; nem a si nem a ele. Não se tema, pois, que as suas pétalas murchem. Haverá sempre pimenta e sal, e chocolate do bom, para as avivar de cores a sorrir.
Mas se o encontrar, fade-o bem, mesmo que ele me troque por si. Eu ficarei contente, se ele for contente, e você também.
:-)

Anónimo disse...

Fiquei elucidado com a afirmação da Maria "o poeta é um fingidor" e percebi, então, porque não tinha percebido nada. Mas, na procura para encontrar uma resposta para a minha ignorância, deparei-me com o bicho num recanto quase paradisíaco. Estava sentado, olhar distante, saboreando uma cachimbada. Por momentos fiquei perplexo: será ele, ou TempoBreve? tentei aproximar-me, meter conversa, mas a reacção que obtive foi um olhar com desdém seguído de voltar de costas que me deixou triste. É que me convencera de que iria "descobrir a pólvora" e, finalmente, encontrar a resposta: ele e ele são dois, ou um é o prolongamento do outro? Enquanto fiquei à procura da resposta o bicho como que se dissipou, tal bruma matinal ao toque da primeira brisa. E assim fiquei eu com uma dúvida ainda maior: não sou mesmo poeta - razão tinha a Maria - ou serei um simples pateta que não consegue sonhar acordado? Espero, ao menos, que você já o tenha encontrado.
Tenha um muito BOM DIA

TempoBreve disse...

Cova da Moura:

A inteligência está no perceber, e você percebeu; inteligência está no procurar, e você procurou; a inteligência, está no encontrar, e você encontrou; a inteligência está na capacidade de se ficar perplexo, e você ficou; a inteligência está no reconhecer que, quando estamos quase a agarrar a verdade, ainda nos falta caminho para lá chegar, e você reconheceu.
E ser poeta é reconhecer lugares paradisíacos, e você reconheceu; e ser poeta é reconhecer pequenos prazeres de saborear, e você reconheceu; E ser poeta é hesitar sempre se se é ou não, e você hesitou.
Para terminar, quando os encontrar, desconfie sempre se é um ou outro; ou se é um disfarçado doutro; ou se os dois são um.
Mas uma coisa é certa: quando eu os vir, eu vou-lhes ralhar por causa do olhar de desdém e do virar de costas de que os acusa.
Ai, os atrevidos! Eles vão ouvi-las! Vão ouvi-las boas!