sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Não digam ao D. Quixote que a menina mais linda é a minha menina!

E depois como é que vai ser? Sim! E depois como vai ser. Como é que depois vai ser, se agora já o é? Chego a casa e pergunto sempre se ela já está, mesmo sabendo que sim, que já está. Chego a casa e pergunto se ela já está, mesmo sabendo que ainda não está . Vou ao escritório pousar pastas e papéis, e, logo que saio, volto a perguntar se ela já está, mesmo sabendo que sim; mesmo sabendo que não. Vou ver o cão, que não se cala enquanto o não for ver, e, logo que entro de novo, pergunto se ela já está. E quantas vezes me vem uma resposta cansada de tanto perguntar por ela! Mas, dali a pouco, eu volto a perguntar por ela. E só termino quando, como que distraído, vou até ao sítio onde ela está; ou, então, só termino quando a sinto na rua a chegar e me levanto pronto para a lhe ir abrir o portão pequeno do jardim, que é por onde ela sempre entra.
E depois como vai ser? Até agora, ela estava sempre, pois quando não estava, estava para vir. Mas, a partir de agora, como é que vai ser?
Ela, a minha menina, a mais linda do mundo, vai a casar. Amanhã. Na minha aldeia, que é a aldeia mais linda. A aldeia dos seus últimos 15 avós paternos. Eu vou levá-la ao altar. Sei que vou chorar. Sei que vou estar feliz.
Mas depois como vai ser? Eu sei que vou continuar a chegar a casa, e que vou continuar a perguntar se ela já está. Ou quando é que vai chegar.
Não sei como é que vai ser. Mas sei que ela vai estar sempre lá: em todos os cantos; no meu coração; e no coração da senhora sua mãe.
Por isso, eu vou continuar a perguntar se ela já está. Ou quando vai chegar.
A minha menina vai a casar.
Não sei como vai ser, mas eu vou continuar a perguntar por ela ao chegar a casa.

Nota 1: Eu disse que a minha menina era a menina mais linda do mundo. Eu tinha que dizer a verdade, não acham? Perdoar-me-ão a sinceridade. Mas, por favor, não digam nada ao meu D. Quixote, não vá ele travar-se de razões comigo por causa daquela sua mania tola sobre a Dulcineia. Nunca fiar com o D. Quixote, não acham?

Nota 2: Este texto não tinha nada que ser escrito aqui. Mas aqui o deixo para mostrar a gratidão, o apreço e a simpatia que nutro por quem teima em visitar-me , mesmo não encontrando nada já há muito tempo. Prometo, porém, que, doravante, vão voltar a encontrar coisas, mesmo que singelas.
Um grande abraço para todos.