sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Um embusteiro

Nós, as Peles, somos bem-educadas. As Saias também, embora não tanto. Por isso, vimos nós, as Peles, em nome nosso, e das Saias também - já que alguém, levianamente, nos associou a elas -, pedir-lhe desculpa pela nossa ausência, e pela ausência delas, nestes últimos tempos. Sabemos nós, as Peles, que não lhe fizemos falta nenhuma a si. As Saias, essas, acham que fizeram – umas tontas. Mesmo assim, pedimos desculpa, como nos ensinaram. Por nós e por elas.
Desculpas pedidas, queremos dizer-lhe que estamos espantadas com a ousadia do Tempo; as Saias também estão, embora estas se espantem com pouco – até com o vento. Mas adiante, que nós, as Peles, não queremos discutir com elas, as Saias, que são regateiras, todas agitadas de anca a abanar. Voltemos ao Tempo.
Vocês viram aquele truque velho e relho a que deitou mão no último texto que escreveu lá naquela coisa dele? Perdeu-se nas festas e não foi visitar quem o visitava lá naquele tal sítio onde ele mora e que nós não dizemos. Em vez de pedir desculpa, como nós pedimos, não senhor, que não bebeu do mesmo leite que nós, e nos educou , e a ele não, pois está bem de ver. Vai então daí, e só para disfarçar, inventa aquela treta daquela personagem lamecha, fingindo, assim, que alguém lhe pede que volte, insinuando coisas de piedades. Toda a gente sabe que foi ele que escreveu aquilo, um embusteiro. Mas, para evitar pedir as devidas, finge que é outro alguém que está a escrever. E, como se tal trafulhice não bastasse, finge que esse outro alguém lhe sente a falta, está preocupado com - ou qualquer outra coisa igualmente piegas -, e lhe pede que venha, e até que escreva. Francamente! Quem é que se interessa pela sua escrita arranhada, ou que ele venha ou deixe de vir? Cá para nós, as Peles, melhor ele não escrevesse, melhor não viesse, que só nos atrapalha, e nos rouba tudo, o ladrão!
Nós, as Peles, não somos invejosas, nem maledicentes, nem de queixinhas, embora as Saias, porque são Saias, o sejam bem para além do que é aceitável. Mas tivemos que vir aqui por três imperiosas razões: para descobrir a careca àquele intrujão - não fosse alguém pensar inocente que fomos nós que escrevemos aquele lamentável texto pedinte, que ele próprio escreveu, fingindo que não; para o acusar a ele, bruto, por não nos ter deixado responder, ainda, aos comentários que apareceram simpáticos nos nossos textos distintos; para lamentarmos, com inteira razão, a grande injustiça sua, uma vez que você não ligou nada àquela pérola de texto que é “A porta dos deuses, e que nós escrevemos.
Você não imagina o que temos aturado e sofrido, principalmente por ninguém ter lido nem comentado “A porta dos deuses”. Ele, o senhor Tempo, um insensível, sempre que passa por nós, dá uma risada brava e escarninha, só para chamar assistência, e grita: - “A porta dos deuses” ! Ahahahah! Zero comentários! Ze-ro! Zee-ro! Zeee-ro!”A porta dos deusses” vale zero! Vós valeis zero!
Grita e repete esta maldade. E, enquanto a repete gritando, une o polegar ao indicador, desenhando um zero, batendo com a mão, nesta posição afrontosa, o ritmo do grito.
Ora veja lá se não é humilhante, se não é deprimente.
E a culpa é sua, sabia?
E as injustiças reparam-se, sabia?
Ai, q'ela!

2 comentários:

Anónimo disse...

Os bloggers amigos perdoam às sais e ao tempo e às peles e ao inventor disto tudo,porque em tempo de ano novo, o coraçõ é generoso.

TempoBreve disse...

Beija-Flor:

Tive que conter e domar os ímpetos das saias, das peles, e até do tempo, quado eles leram este seu comentário. Ele é breve, o comentário, mas ia desencadeando uma tempestade levada da breca. E sabe por quê? Porque você falou de perdões.
Ora, cada elemento do trio que referiu se acha inocente, considerando que os outros dois é que são os culpados. Foi uma confusão de argumentações, da parte das saias, logo a seguir das peles, mas até o tempo se ia deixando enredar. Quase houve distúrbios. Tive que os meter na ordem.E nem imagina os gestos e os argumentos que cada um exibia.
Nem você escapou. Não estavam contentes consigo, por considerarem que você os meteu indevidamente no mesmo saco - e logo num saco de gatos. Veja só no que deu a sua boa acção de perdoar tudo.
Eu, porém, agradeço o perdão. Mas não sei se eles vão protestar por eu agradecer.
Vamos lá a ver.
Tenha um bom ano.
:-)