segunda-feira, 21 de abril de 2008

Afinal, a manifestação de Lisboa "assustou" tudo e todos

Já há muito que se sabia que a ministra da Educação tinha deixado de o ser. Ela nunca foi elemento de solução da crise aguda, que teve como vítimas os professores, pois ela mesma quis e provocou acintosamente essa crise. A crise superou-a. E ela, depois de ter sido completamente desautorizada pelos professores, acabou por ser também desautorizada pelo governo, nas pessoas do Primeiro Ministro, José Sócrates, e do Ministro do Trabalho, Vieira da Silva. Com efeito, ao entrarem directamente em cena, embora de forma clandestina, no diálogo com as organizações sindicais, acabaram por reconhecer eles mesmos a incapacidade da ministra para lidar com a situação, para ela insustentável.
Com a assinatura dum documento sem nome, que incorpora o Memorando de Entendimento, e as posições, aparentemente contraditórias, do ministério e dos sindicatos, ela ganhou algum espaço de manobra. Mas, mesmo com esse espaço, e mesmo que o saiba aproveitar bem, ela nunca mais será uma ministra da Educação aceite pelos professores. E, sendo assim, o jogo está mais viciado que nunca. É que não se enterrou o morto. E os cadáveres, quando mais andarem por aí, maior pestilento será o cheiro. Ela será sempre um peso morto germinando desconfiança e turbulência.
Cada um dos sindicatos pode também ter ganho espaço de manobra. Conseguiram sentar-se à mesa com a senhora ministra, e isso parece ser a sua maior conquista. Mas, tendo ganho o lugar à mesa, pelas cedências que fizeram - e as cedências, no essencial, foram em toda a linha -, perderam muito do capital de esperança e de confiança que os professores, muitos deles desconfiados, depuseram em suas mãos. A assinatura daquele documento foi a tábua de salvação da ministra. E foi a vitória do "enquadramento" dos professores unidos por parte dos sindicatos.
Afinal, "ganharam" todos: governo, ministra, sindicatos, partidos. Não houve quem não coantasse vitória, uns de forma mais envergonhada (caso da ministra e até do douto Sócrates) e outros de forma mais "desdentada". Foi um bom negócio para todos. Um negócio e um alívio. Já viram aqules professores à solta, sem estarem devidamente enquadrados, isto é "domesticados"?
Vitória para todos? Não. Por um lado, os professores ficaram mais ou menos na mesma. É que os "ganhos" que os sindicatos avançam, não passam de pequenas migalhas que a ministra já havia concedido, num atropelante dessassossego de quem sabia que já não podia aplicar a "coisa", não na tal forma simplificada. O tempo estava contra ela. Tinha o probema de prazos. E um problema legal a resolver. Mas aí apareceram os sindicatos a dar-lhe a mão. Mas, por outro lado, os professores ganharam. E muito. Ganharam aquela dignidade imensa de concretizarem de forma eficaz o diferito à indignação, na luta pela sua dignidade ameaçada. Enquanto tiveram a luta nas suas mãos, não se deixaram abater; quando entregaram aos "generais" as negociações de paz, aí tiveram um dissabor. Mas tinha que ser assim. Tínham que entregar as negociações aos "generais" que tinham.
Mas as coisas não vão ficar assim. Nunca mais nada ficará como estava antes. Estaremos sempre muito atentos à acção próxima-futura dos sindicatos. E dar-lhes-emos a força que necessitarem, se e quando a merecerem. Mas não vamos aceitar mais as pequeninas vitorias com que eles ficam contentes.
Isto não vai acabar assim. Poderão fazer-nos tudo. Mas não poderão nunca impedir-nos de pensar. E, ao contrário do que diz o Rangel, nós não somos nem carneiros; nem somos carne para canhão.
Hoje há manifestações? Serão para "comemorar" o acordo? Ou se´~ao já parte da luta para Julho de 2009? E durante esse tempo todo?
Ah! Os professores que aguentem mazoquistas o Modelo de Avalição que a senhora ministra tanto preza.

2 comentários:

Elisabete disse...

Eu acho é que todos perderam.
Sem uma Escola de qualidade, que não se faz sem ou contra os professores, o país não vai a lado nenhum.
A única saída é continuar a defender o que está certo, contra tudo e contra todos.
Como diz o meu querido Fausto: "Atrás dos tempos vêm tempos e outros tempos hão-de vir."

Um abraço

Gracinda Castanheira disse...

Necessário é estar permanentemente atento e alerta. Leiam ramiromarques.blogspot.com
2009 pela conjuntura que terá ha´-de ajudar-nos, embora eu lamente que a educação ande a reboque de conjunturas eleitoralistas e não tenha antes um projecto de futuro.assim querem, assim será.