segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

BOM NATAL

A porta dos deuses abriu-se, e um deles já entrou, na forma de um menino, pequenino e inocente, mas que vai ter de aguentar a responsabilidade de ser um deles.
Nesta cena costumeira, mas sempre poética e terna, falta só um elemento, e esse elemento é a vaquinha. Escusam de protestar, pois alguém tinha que pegar na máquina, e tirar a fotografia.
E como a vaquinha é feita de bondade e inocência, correu depois para os montes a anunciar a boa nova com a sua voz potente. Os animais vieram logo. Os homens foram mais renitentes, e até exigiram provas, como a Estrela de Belém.
Mas depois lá foram vindo, agora um e logo outro, pois a vaquinha, que é esperta, prometeu-lhes que o Deus Menino daria, a quem o visitasse na gruta, um caminho de estrelas, onde corre leite e mel, que era tudo o que os homens queriam. Por isso lá foram vindo. E ainda hoje lá vão.
Venha você também. Mas não venha buscar só buscar o que a vaquinha prometeu. Venha antes trazer ao menino, e principalmente ao seus próximos, aqueles melhores alimentos que esconde no seu coração: a amizade e o carinho, a ternura e o amor.
:-)

10 comentários:

Anónimo disse...

Eu trago ternura e vinho
Cantarinho de água mar
E também um pardalinho
Que anda sempre beijar.

Anónimo disse...

Venho trazer-te um pouco da minha amizade, carinho e ternura... que pouco mais teria para te dar.

Deixo-te um pequeno poema da Irene Lisboa, que me acompanha na vida...

Toma lá, que te dou eu,
rapariga da fortuna,
uma mão cheia de nada,
outra de coisa nenhuma.

Porque os sentimentos não se dão, recebem-se... nem se agarram, com uma, duas mãos, ou sete saias...

Beijinhos doces

Anónimo disse...

Só um(a) artista excepcional se lembraria de enviar uma vaquinha anunciar aquilo que anjos sempre fizeram: o nascimento do Menino. Fosse eu uma outra Rosa Ramalho e deixaria em barro a beleza da vaquinha, correndo montes e vales, anunciando o nascimento do Menino. Assim, como também não sou poeta (meu Deus, tanta pobreza...)fica o meu aplauso pela sua sensibilidade, bem expressa ao deixar-nos esta imagem tão ternurenta.

TempoBreve disse...

Cara ÁguaMar:

Esse pardalinho tem um hábito lindo, que é o de andar sempre a beijar. Eu desconfio até que ele é um pardalão maroto. A não ser que seja exigência sua que o pardalito tenha de cumprir. Hei-de visitá-lo para lhe perguntar cá umas certas coisas.
Quanto ao vinho, fez muito bem trazê-lo, pois foi desse vinho que eu bebi na Ceia.
Você escreve coisas muito queridas.
Ainda um dia lhe conto uma história dum passarinho.
Que as aves mais lindas encham o seu coração das canções mais lindas pela vida fora.
:-)*

TempoBreve disse...

Nanny:

Quem traz o que você me trouxe, traz do melhor, e trás do que é mais. E, quem isso faz,
traz-se a si mesma naquilo que traz. Vou ter de pensar, a ver se fico apenas com o que me trouxe - e é muito -, ou se vou ficar também com o que veio no que me trouxe sem você saber.
A quadra que me manda é muito bonita, principalmente porque tem nela uma "rapariga da fortuna".
Os sentimentos dão-se e receben-se; mas são tão queridos que requerem um dar e um receber embrulhados em arte em sabedoria.
Mando-lhe sete saias de ternura festiva.
:-)*

TempoBreve disse...

Olá, Cova da Moura!

Neste caso, seria um artista. Mas não sou, felizmente. A arte foi toda dela, da vaquinha. É que foi mesmo verdade, embora pareça que não.
É tão bonita essa sua intenção de prestar a merecida homenagem à vaquinha. Eu já a honrei, repondo a verdade dos factos. E você também, por ter gostado dela, e por mo dizer a mim.
Obrigado pelas suas palavras. E que a vaquinha lhe anuncie ao ouvido todas as venturas na vida para si. Vai anunciar, que eu, quando ela voltar, vou pedir-lhe que o faça.
:-)

Anónimo disse...

Não passei aqui antes do Natal, mas aproveito para passar hoje véspera de Ano Novo para desejar
que ele continue a inspirá-lo com o humor e boa escrita a que ja´nos habituou.
Abraço

Anónimo disse...

Mas que saudades eu tenho
Do tempo breve a passar
Levou-o talvez um pisco
E nele anda a voar.

Anda a voar porque é tempo
E tempo anda a voar
Há-de voltar noutro tempo
Tempo Novo a acordar.

Deixe as saias, volte cá
já passaram sete luas
Estou cheia de aqui parar
E não há notícias suas.

TempoBreve disse...

José Miguel!

Desculpe o meu atraso em cumprimentá-lo neste novo ano. Mas mais vale tarde que nunca, não é assim que se diz?
Desejo-lhe um bom ano. E um bom dia de reis.
Um abraço também para si.

TempoBreve disse...

Ibel:

Este seu falar é tão grácil, que eu até lhe perdoo o fingimento que tem. E como eu gosto muito desse fingimento seu, vou fingir que não entendo, tomando-o por verdadeiro.
As saias às vezes são luas e as luas às vezes são saias. Acredite que é verdade, pois já aconteceu a muita gente olhar saias e ver luas, e o olhar luas e ver saias. E não se ponha a rir pensando que isto é alucinação, pois eu próprio já testei esta observação radiosa. Há quem diga que não é bem assim, mas quem o diz não entende. Não tem nada que saber: se nas saias se vêem luas, é porque as luas são saias; se nas luas se vêem saias, é porque as saias são luas.
Mas, como sei que está a rir e nem quer acreditar, vou apresentar-lhe, então, um argumento final: quer as saias quer as luas, ambas têm o encantamento de transformar em luar a tépida luz dum olhar.
E, sendo assim, como é que um simples mortal pode deixar de as olhar?
Bem, eu não olho, claro! Mas eu também não sou lá muito humano!
:-)