sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Mentiroso, demagogo, ou não sabia?

Voltando à entrevista, José Sócrates afirmou, num tom de quem sabe tudo, que havia já 30 anos em que os professores não eram avaliados. Então, que parâmetro era aquele, no arbitrário concurso para professores titulares, em que eram atribuídos pontos à avaliação anual que lhes era atribuída?
Afinal, em que ficamos? Havia ou não havia? Se havia, ele estava mal informado, ou estava a ser demagogo, ou estava mesmo a mentir, para atacar os professores, fazendo deles diabos, culpados de todos os males? Mas, se não havia, então terá que anular esse concurso injusto, brincadeira de mau gosto, sem qualquer critério a sério.
E não é só esta a razão pela qual esse concurso devia ser imediatamente anulado, ou corrigidas as injustiças. Refiro-me principalmente àquela coisa das datas: o que antes de 1999 não valia, depois dessa data valia. Um critério fabuloso. Só faltou mesmo dizerem que quem se licenciou antes de 1999, não tinha licenciatura. Mas, se fosse necessário, não sei mesmo se o fariam.
E fariam muito bem: assim poderiam retroactivamente acusar milhares de professores de exercício ilegal de profissão; poderiam despedi-los; exigir devoluções de pagamentos "indevidos"; mostrar melhor à sociedade os tratantes que os professores são; e arranjariam de imediato muitos postos de trabalho, podendo, assim, dizer, em campanha eleitoral, que estavam a cumprir a promessa dos 150 mil postos de trabalho.
Mas o melhor é calar-me, que posso estar a dar-lhes ideias, pensando eles que o que digo é a sério. Vou, então, calar-me agora; não vá o diabo tecê-las.

10 comentários:

Anónimo disse...

Carpe diem = )
Nunca deixe de ser Mr. Keating mesmo que certas "pessoazinhas" de "gravatinha" e "fatinho" que aparentam ser melhores que o seu cão e que na realidade não o são estejam constantemente contra si.
Talvez não seja por mal tal como diz, mas a verdade é que eu e os meus arriscamo-nos a ficar eternamente com a "alcunha" de atrasados mentais que esses senhores devem pensar ( se é que eles pensão) de que somos dignos que é a unica explicação para terem cometido tais monstruosidades.
Deste modo atrevo-me a afirmar que mesmo não estando na mesma classe que o senhor me oponho firmemente contra estas "supostas" leis que era "suposto" fazer com que eu e os meus aprendêssemos com maior facilidade e habilidade.
Só nao entendo como esses "senhorzinhos" nao percebam isso quando até eu o percebo. Só espero que quando ganharmos esta guerra, porque a vamos ganhar, nao seja tarde de mais.

Elisabete disse...

Há-de vir o dia em que o nosso (salvo seja!) Primeiro será condenado a ingerir sicuta. Desta vez, pelo menos, far-se-á justiça.

Anónimo disse...

Agora é que não se pode calar e, quanto aos diabos, já andam a tecê-las há muito.E olhe que são muitos! E olhe que não são diabos de ficção!
E deixe-os voltar a ganhar( Deus nos livre!)e vamos ver o inferno a arder.
Se a gente se cala agora, os cravos não serviram para nada, nem a voz do Zeca nem o seu esforço,nem a sua ousadia, nem a sua revolta, nem o seu exemplo.
Gostei do António Mota e gostei de ver uma tal de"As Ilhas Encantadas" que tem a mesma vontade de "queimar" os vampiros.
"É a hora!"

TempoBreve disse...

Caro anónimo:

Carpe diem. Porquê? Porque somos humanos. Para quê? Para que, em chegando ao fim da vida, não venhamos a descobrir que não vivemos.
Ou você é meu aluno disfarçado (o que lhe dá direito a levar uma valente sova), ou já foi meu aluno (o que que lhe dá os mesmos direitos), ou é pai ou mãe dum deles (o que lhe dá a si o direito de me dar uma sova a mim).
Que é isso do "Mr. Keating"? Já viu a responsabilidade que me põe às costas? O que quero com isto dizer é que lhe agradeço a referência, muito embora a não mereça.
Seja quem for, sossegue, que os professores não vão deixar que os seus alunos sejam tratados como imbecis incapazes que não querem fazer qualquer esforço para aprenderem. A nossa preocupação com o ensino é essencialmente motivada pela nossa recusa consciente em imbecilizarmos os nossos jovens.
Não vamos deixar que isso aconteça. Mas precisamos do apoio de pais e da sociedade em geral. Para bem dos nossos alunos e do nosso país.
Que nós ainda somos país e gente, quer a ministra queira ou não.
Eu já lhe falei do "Clube dos Poetas Mortos"? Fica para outra altura.
Obrigado.

Nanny disse...

Agora não posso ler-te... isto é indecente... :S mas vim só deixar-te um aviso:

Deixei-te um desafio no meu cantinho... vai lá buscá-lo :-)))

Beijinhos

Anónimo disse...

Olhe, Senhor Tempo:
Já por cá não passava há alguns dias - o trabalho...e a minha cova - e quase fiquei triste. É que me parece um sítio só para Professores. Francamente! Eu sei que ela, a Maria Rodrigues, não presta; que o Lemos não lhe fica a dever nada no que toca a competência; mas, que diabo, depois do que vi e ouvi no debate da RTP (2ª feira passada), também há alguns docentes que melhor fora estarem calados! Lutar? Pois claro que sim! Precisam do apoio de pais e alunos? Solicitem-no! Mas, ao que parece, o tal "primeiro" vai continuar por mais quatro, e, com algum azar, conserva a Maria e o Lemos! Então quem é que vota neles? Olhe que essa responsabilidade eu não tenho...e, pelos visto, não irei ter. O que tenho é muita esperança de que tudo isto não sirva para que os "miúdos" saiam prejudicados, porque acredito na maioridade dos Professores.
Tenha um muito BOM DIA, apesar de tudo isto!

TempoBreve disse...

Elizabete!

O dia há-de vir. Ele próprio anda a encher a taça. Mas não há que esperar pacatamente pelo acontecer. Os professores estão a começar a dar um exemplo de cidadania. Claro que estou a ser generoso. Mas tem que ser. A hora não é de espicaçar divergências inúteis.
Vamos para a rua. É o único lugar que eles temem. Isso assusta-os e fá-los perder as estribeiras.
E se eu lhe mandar um abraço?

TempoBreve disse...

Cara Ibel!

Não. Agora não nos podemos calar. Já passamos a primeira barreira, que foi incentivar a tomada de posisões visíveis. Os resultados já estão aí. Mas não há que embandeirar em arco festivo antes do tempo. A luta será dura. Mas será nossa. E nós temos lá medo de durezas!
Sexta-feira, na Avenida Central, às 21:30, sim?
Um abraço.

Nota: Como é que eu posso comentar aquele poema a que deu nome de Tempo Breve? Que raiva! Que mania de me "usarem" o "nome".

:-)

TempoBreve disse...

Olá, Nanny, a dos "énes" dobrados!

Mas que velocidade ao passar por aqui! E pelo Douro. Um dia ainda nos cruzamos. A culpa será sua.
Desta vez vou responder ao seu desafio. Tem prazo? Espero que não.
:-)

TempoBreve disse...

Cova da Moura!

O seu regresso aqui dá-me prazer. Mas não fique triste.
Tem razão no que diz do "PRÓS & CONTRAS, de segunda-feira. É muito natural a sua reacção. Houve intervenções muito atabalhoadas, muito técnicas, muito emotivas. Alguns poderiam mesmo não ter falado. Mas havia mais tanto que falar.
Tem que ser compreensivo. Não deram tempo nenhum para desenvolver qualquer raciocínio lógico. Só os mais profissionais é que o conseguiram fazer, agarrando num ou noutro pormenor, nem sempre os mais importantes. Mas eu compreendo que tenham feito isso para vincar posições. O tempo estava todo do lado da ministra. E a jornalista ajudou-a imenso.
Depois, os mais genuínos que lá estavam, não estavam organizados. Não tinham porta-voz preparado.
E peço-lhe que aceite esta minha afirmação como verdadeira: há uma imensa revolta entre os professores em geral. E olhe que não é por motivos mesquinhos. A questão é muito mais funda do que parece. Não é a questão da avaliação em si, ou das aulas de substituição. Isso é deliberadamente atirado à cara dos professores, para, demagogicamente, os isolar do resto da população, fazendo deles bodes expiatórios. A propaganda é muita. Os meios de comunicação defendem quem defendem, e os professores não têm tempo de antena. Quando o têm, saem de enxurrada os seus argumentos, que, muitas vezes, parecem só lamentos.
Claro que é preciso solicitar o apoio dos pais. Já o deviam ter feito. Não é fácil. Mas é possível.
Os miúdos já estão a ser prejudicados em toda a linha. Mas não por culpa dos professores em geral. Aquilo do sucesso estatístico, camufladamente imposto, é mesmo verdade. Enganar pais e alunos com facilitismos vestidos de caridadezinha é o maior prejuízo que se lhes pode causar.
Não que os professores os queiram reprovar. A questão não é essa.
Não sei se ele e ela vão ficar muito mais tempo ou não. Ela, pelo menos, já não tem condições para ficar com alguma dignidade. Do plano teórico, ao técnico, ao político, ao jurídico, ao democrático, aquela senhora é uma caricatura. Não é uma questão de de política deste partido ou daquele. É uma questão de incapacidade, vestida duma teimosia, própria de quem não sabe ver. E que se está nas tintas para as consequências.
Porque defendem a sua dignidade, e porque se sentem socialmente responsáveis é que os professores estão a protestar. E acredite que isso é feito para se defenderem, mas também, e principalmente, para defenderem a dignidade do Ensino Público. O mesmo é dizer, defender os alunos. Todos.
Seja paciente com eles. Dê uma ajudinha.
Um abraço.