sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Crates - atleta e projectista

O senhor Crates é uma verdadeira evolução na continuidade. Isto é, quanto mais sabemos das suas capacidades malabaristas, mais confirmamos aquilo que já sabemos que ele é. É um bota de elástico, que se extende e encolhe até ao exacto ponto das suas convieniências. É um videirinho. Mas os factos traem-no. E não há acessor de comunicação ou maquilhagem que consiga ocultar mais aquilo que ele é : uma vacuidade inconsistente e incompetente.
Subiu a pulso na vida, não com a força digna do pulso, mas com a força mesquinha do chico esperto que fura fura, arranja arranja, esconde esconde, omite omite, engana engana.
As habilitações do Crates são exemplo disso. Podem ser muito legais. Mas foram arranjadas, as tais de licenciado, a toda a pressa, nos sítios certos, nos momentos certos, nas instituiçoes certas.
Analisada a história, até parece que o que lhe interessava era só o título, para dar cá um certo verniz às funções que a política e o partido lhe iam oferecendo. Não foi bom exemplo de honestidade intelectual ou de consideração pela educação. Antes pelo contrário. Talvez seja por isso que o seu governo queira destruir, passo a passo, a seriedade do ensino público, desqualificando-o, e tentando espezinhar e humilhar os professores que ainda o são, para que desesperem, para que enlouqueçam, para que fujam. Mas não vão fugir.
Ficou-se agora a saber também uma outra habilidadezinha que o senhor Crates tem. Pelos vistos, ele até gostava de ter tentado a sua profissão técnica. Dedicou-se mesmo à actividade frenética de assinar em série projectos inestéticos - que não eram seus -, sem qualquer critério que não fosse o do "favor a amigo", numa promiscuidade que facilmente leva ao favor e à corrupção. Pode também ser tudo muito legal. Mas nem tudo o que é legal é digno, honrado e justo.
Depois, tal como nas habilitações, mete os pés pelas mãos ao (não) dar explicações claras, e tenta, em vão, mostrar que as suas artimanhas manhosas são coisa inocente, são coisa comum, são coisa normal, são coisa legal. E até podem ser. Mas mostram, mais uma vez, este seu carácter de chico esperto, fura fura, omite omite, esconde esconde, que subiu na vida, não tanto pela força digna do pulso, mas mais pelo aproveitamento oportunista da força das funções que foi tendo e que o partido lhe foi arranjando.
Dizem que isto é passado, que não tem importância, e que o que importa é o que ele faz agora. E seria verdade, se ele, agora, não revelasse os mesmos tiques de mediocridade teimosa e autoritária, sem olhar a meios para tingir os fins. Ele continua a ser o mesmo. E os seus escrúpulos também. Por isso o país cada vez mais se afunda. E nós não podemos ficar passivos a olhar.
Cada vez mais os seus comensais vão ter mais dificuldade em proteger-lhe a imagem. Ele é de plástico e, quando a temperatura aquece, o plástico revela-se, perdendo a forma de aparência consistente e séria. Claro que os seus comentadores, jornalistas e analistas amigos, de todos os sectores, por entre juras solenes de imparcialidade e de objectividade, o vão defender. E vão atacar todos os que não estão com ele, por todos os meios, chamamdo-lhes de tudo, a ver se metem medo.
Já estão a aparecer por aí alguns pesos pesados desses comensais. E o mais engraçado é que, perante a impossibilidade de negar o óbvio da crítica, eles refugiam-se na forma. Dizem que sim. que há ali algo que não está certo. No conteúdo. Só que passam como gato sobre brasas por cima do conteúdo, e atacam a forma e o tom como a crítica é feita.
Ele há formas melhores e até mais eficazes, mas, quanto a mim, o principal continua a ser o conteúdo que se critica, e não tanto a forma como ela é feita. Por mais destemperada que a forma tenha, o conteúdo é que deve merecer mais a nossa a tenção. Mas os homens da imagem do Crates, esses acham que não. E fazem muito bem, que há que defender o amigo, que lhes agradece bem.
Ah! Os seus amiguinhos já vão espalhando aquela coisa angélica de que o Crates agora já tem voz mais suave. Que são as eleições. E ele, o Crates, lá veste outra pele. Mas por debaixo dessa outra pele que veste, está a pele dele, que não é de fiar.
E nem todos são crentes. E nem todos são parvos.
....
Nota: Desculpem-me a ausência nesta última semana.

10 comentários:

Anónimo disse...

Nem todos são parvos, mas são muitos os pardos e os silenciosos porque "o seguro morreu de velho" e "mais vale um burro vivo que um herói morto", ou seja, o melhor é não atiçar o galo,porque a crista pode ser que cresça(nunca se sabe!).
Mas se crescesse era bom sinal, era sinal que o animal sempre era alguma coisa definida e não uma espécie de coisa meia híbrida que só para "coelhar" serve, sendo que a coelha é que toma a iniciativa...
Mas a imagem da coisa tem, afinal, pés de cera e não de barro,logo, mais cedo ou mais tarde, há sempre quem prevarique e fume um cigarrito ....Nunca fiando e sempre esperando....

TempoBreve disse...

Caro Espertalhão!

Nem todos são parvos. Destes, há os que protestam, há os que desesperam, há os que silenciosos calam, por não terem voz, por não terem tempo, ou por terem medo. E esses que desesperem ou se calam por medo é que mais me afligem. Pensava-se que que problemas haveria, que sofrimentos haveria, mas medo, isso estávamos longe de que acontecesse, assim de forma tão generalizada. Mas está a acontecer. E não podemos deixar. O medo mata. E não podemos ficar calados.
O galo não se atiça porque não tem chama. É tudo postiço. Já mudou de pose. A ver se as gentes se calam.
Não é preciso ser herói. Basta estar atento e não se deixar enganar.
Há muita gente insegura e com medo. Eles contam com essa insegurança e com esse medo. Mas as pessoas dignas só aturam e esperam até um certo momento. Verá que isto muda. Eu recuso-me a aceitar que nos vamos resignar a ser governados por gente que julga que não ter carácter é ter personalidade, e que faz da mentira uma uma virtude sensata.
Verá que, quando isto mudar, os que agora apoiam os Crates vão ser os primeiros a dizer que já há muito tempo eram contra ele. É sempre assim.
Nunca fiando, como você diz. E, porque não confiamos neles, há que combatê-los. Eles são uns fracos. Por isso mesmo só se mostram valentes a oprimir os que menos podem. Aos que podem muito, a esses, beijam-lhes o rabo.
Um abraço.

Anónimo disse...

Gostei da análise que fez, mas infelizmente em todas as épocas as coisas foram assim e só adianta falar para desabafar.Entre Sócrates e Meneses vá o diabo e escolha.E os parvos somos nós que votamos neles.
Abraço

TempoBreve disse...

Caro J. Miguel!

Em todas as épocas há Crates e Cratinhos. Mas também é verdade que em todas as épocas há quem tente detê-los pelo uso da palavra livre. Por isso eles detestam a palavra livre que os confronte, e tentam calá-la. Épocas houve em que queimaram livros; que queimaram pessoas. Hoje são mais subtis. Controlam meios de comunicação importantes, e têm bons profissionais ao seu serviço. E têm as poderosas máquinas partidárias sempre servis pelas regalias que dão.
Mas há que resistir. Os partidos do poder são cada vez mais coutadas privadas para benefíco dos seus.
É preciso falar para desabafar. Mas há que ir mais além do desabafo. É preciso arregaçar as mangas e ir à luta com as armas deles, obrigando-os a argumentar de igual para igual. Eles temem isso.
Nem todos os partidos são iguais. E meso nos partidos do poder há muitos militantes que não estão contentes. Mas todos têm culpa da situação a que se chegou - os partidos, e os seus militantes descontentes.
Cá para mim, o Menezes também é Crates. Dirme-á, então, que não há alternativa. Mas há. Uma delas, bem simples e bem modesta, é retirar a maioria absoluta aos que lá estão. Ficam logo mais cautelosos e mansos. Melhor seria que isso acontecesse com a intervenção sistemática e crítica de cidadãos individuais e, melhor ainda, de movimentos cívicos que exijam mais qualidade na escoha dos políticos e das políticas. Nem é preciso fazer nenhuma revolução. Basta votar em quaisquer outros partidos, sem preconceitos. Não somos obrigados a votar nestes.
Olhe que estes senhores são fracotes.
Não se resigne.
Um abraço.

Anónimo disse...

Com um dia de sol tão bonito, até é pena comentar aquilo de que o Senhor Tempo fala, porque é counspurcar o brilho puro e essencial que lava os olhos todinhos.E ficam tão lavados que a água se cola a eles...
Hoje apeteceu-me passear pelos recantos do seu blogue onde há pássaros e vinhas e granitos encantados e deixei-me andar, andar ao sabor de um tempo breve cheio de um sol geminado com o que me entra pela janela.E demorei-me tanto em imagens e comentários que só depois é que fui ao meu pomar comer um fruto e deixei lá a sua morada a uma ilha encantada que vale a pena visitar.
Não lhe digo mais nada,só acrescento o que lhe disse já tantas vezes:"Bocê escrebe tam bem!".
Quero lá saber dele...
Solinho.


MIBEL

TempoBreve disse...

Cara Ibel / Mibel!

Tem toda a razão. Às vezes é preciso não deixar estragar os corredores por onde passa a beleza dos dias lindos.
Diz-me que andou pelo meu blogue, de imagem em comentário, tropeçando em videiras, granitos e pássaros. Tenho-me distraído deles. Mas tenho pena.
Confesso que me apetecia publicar de novo aqules dois piscos que agora é o tempo em que começam a exibir o seu mais lindo canto, enquanto vasculham valados, sonhando ninhos na certeza dos amores já a vir. Tenho-os ouvido horas a fio nos últimos tempos. E a sua plumagem é já de noivados.
Penso que a maior parte das pessoas não viu esses piscos.
Obrigado por ter deixado a minha morada em ilha encantada. Visitá-la-ei, em a descobrindo.
Sua invejosa, que come e não dá dos frutos do seu pomar.
Até breve!
:-)

Anónimo disse...

Olá,
é pr'a dizer
qui estou
do lado di cá
e qui você,
si calhar
si enganou
a procurar
a informação
qui lhe passei
e aportou
no cais errado.
Fica ao menos
o recado...

TempoBreve disse...

Olá, Ibel!

Num comentário que escreveu, falou de ilhas encantadas. Quando li, fui procurá-las. E elas "Ilhas Encantadas", apareceram-me logo, e tinham um texto que li, de que gostei e comentei. Aportei a essas ilhas. Por isso, não houve engano.
Mas parece que há outras. Haverei de as encontrar, que em me falando de ilhas, e de ilhas encantadas, eu tenho que ir espreitar.
Mas não houve engano, não. As outras de que me fala, devem ter um outro nome.
:-)

Anónimo disse...

Não acha que está a dar tempo de antena a mais ao Crates, grande maratonista de Pinóquio?

TempoBreve disse...

Caro anónimo:
Ele, o Crates, não merecia que se perdesse um só minuto com tão fraca e irresponsável figura. Mas o mal que ele está a fazer ao país é de tal monta, que tem que se falar dele. Pelo menos para que depois ninguém diga que ninguém percebeu; que ninguém falou.
Sei que o que eu digo não interessa nada; que poucos vão ler; que, dos que lerem, menos ainda irão concordar. Mas isso pouco me importa.
No fundo, ele é um pobre coitado. Mas, o pior, é que os grandes interesses económico-financeiros que sugam o nosso país, encontraram nele um serventuário alegre e feliz. E têm as empreitadas megalómanas que muito bem quiserem. Se depois não servirem para nada, ainda melhor: fazem-se outras para remediar o mal e ganhar mais dinheiro.
Quanto ao dinheiro necessário para o que de facto interessa, esse é sempre escasso. Esse é sempre de pedintes.
Não sei se já reparou no que o Crates está a fazer na educação. Os alunos já perceberam todos que podem faltar as vezes que quiserem, que o professor é que paga; que podem nunca estudar, que terão à mesma de passar, se não o professor é que paga; que podem até exigir boas notas, pois,se as não tiverem, a culpa é do professor que não os motivou.
E os pais acreditam em todas as tretas que têm sido feitas na educação. Acham que os filhotes estão muito melhor; muito mais acompanhados.
Agora andam com a avaliação dos professores às costas. Mas essa avaliação, que deveria ser séria, é uma palhaçada.
Eles querem acabar com a escola pública. Para isso, têm que acabar com os bons professores, com os mais críticos, com os mais responsáveis, com os mais dedicados. E têm que garantir que os lugares de "controlo" sejam entregues a "gente de confiança". Sem escrúpulos, sem vergonha ou estúpida. Tão estúpida que até a estupidez cora quando passa por eles.
Os mais pobres é que vão pagá-las. A longo prazo. Vão ter uma escola sem préstimo. Vão ser autênticos depósitos de indigência, de infantilismo, de irresponsabilidade. E haverá uns funcionários que serão uma espédie de ama seca a aturar-lhes, sempre compreensivelmente, os seus humores. E a promover passeios, e outras activivdades para encher papéis, num activismo inútil e fácil. Mas esses funcionários já não serão professores.
Bem. Vou ver se deixo de falar nele. Até porque estou mesmo a ficar sem tempo.
Um abraço.

PS: O Crates é de plástico. Não tem uma ideia séria. Aquela coisa do correr matinal é uma bacoquice. Disseram-lhe que lhe daria um certo ar de. Ele julga os professores pelos professores que ele (não)teve e que o examinaram por fax. E ele, coitado, pensou que isso é que era ser professor. Eu compreendo que ele pense isso. Coitado, nunca estudou a sério.
E também compreendo que ele se pense um político. Coitado, andou sempre nas escolas do partido.
Agora vou mesmo.
UM abraço.