sábado, 16 de fevereiro de 2008

Demita-se, senhora ministra

Parece impertinência, mas não é. O Crates tem que ser posto na rua. Não por aquilo que ele é. Que ele é como outros que antes dele foram. E é, certamente, como algum outro que se lhe possa seguir. Mas temos que o pôr na rua. Por quê, se não se vê uma perspectiva de mudança séria? Simplesmente para que ele perceba que ainda há gente neste país. E, havendo gente, há que correr o risco de aguentar uns tempos outro que pouco difira dele.
Que ganharemos com isso? Pouco. Mas será um pouco que é muito. Se o fizermos, os Crates, tenham eles o nome que tiverem, sentir-se-ão mais terra a terra. Sentir-se-ão mais aquilo que são. Isto é, sentir-se-ão insignificantes. E terão mais cuidado. Perderão aquela arrogância de quem acha que basta ser teimoso para ser considerada pessoa com personalidade que sabe o que quer. Ficarão mais mansos.
Mas antes do Crates, devemos começar pela Ministra da Educação. Não vou sequer dizer o nome dela, que aquilo é espectro sem nome. Aquela senhora até mete pena. Vejam-lhe aquela cara tensa, aquele olhar vazio. Não de frio. Mas de quem não é sequer capaz de ver o mal que está a fazer ao país. Aquela senhora tem que ser posta na rua. Por uma questão de estética. Por uma questão de incompetência.
Aquela senhora leu umas teorias à pressa. Fizeram-lhe um rascunho à toa. E ela, como todas aquelas pessoaas que não têm competência para pensar, segue o rascunho à risca. Faz-me lembrar aquela teoria peregrina sobre o direito ao sexo que os deficientes deveriam ter. Houve quem defendesse tal. E muito bem. Mas com quem com iam eles exercer esse direito? Com os teóricos que defendem caritativamente uma tal coisa? Não seria mal pensado. Não seria não senhor.
Aquela senhora odeia os professores. Para ela, os professores são, em termos simbólicos, um pai que ela quer castigar. Vá lá saber-se por quê. Fez e faz tudo para os amesquinhar. Mas essa atitude dela seria irrelevante, não fossem as consequências gravíssimas e duradouras que as suas medidas acarretarão durante muito tempo.
Temos que a pôr na rua. Não por uma questão de defender direitos corporativos. Não por uma questão de repor as graves injustiças e ultrajes que ela já fez aos professores. Não. Isso ainda é o menos. E é facilmente remediável. Nós temos que a pôr na rua por causa dos males que ela está a fazer aos nossos filhos, aos nossos netos, aos nossos jovens. Nós temos que a pôr na rua para defender a honra deste país. Este país não pode suportar um ensino medíocre e para medíocres. Temos que a pôr na rua.
Ela, e o Crates, querem acabar com o ensino público. Querem que o ensino público passe a ser um ensino marginal, irresponsável e inócuo, onde se vão entretendo os filhos dos pobres e dos tolos. Temos que a pôr na rua.
E sim. Não tememos a avaliação. Mas uma avaliação séria. Feita por gente competente e séria. Não por um electricista que vai avaliar um professor de Literatura; não uma avaliação baseada nas notas que o professor será forçado a dar, só para fazer boa figura nas estatísticas; não uma avaliação em que contam as "brincadeirinhas" para enganar, devidamente expostas, no átrio das escolas, e, se possível, até nos jornais locais, para o senhor avaliador ver; não uma avaliação em que interferem, sem consistência, pais e alunos, apenas porque sim.
Esta ministra quer que os professores mais sinceros e honestos desesperem e fujam das escolas. Mas esses não devem fazer-lhe a vontade. Até por amor à profissão que têm e aos alunos de que gostam; até por solidadriedade para com os professores mais novos, postos à mercê de ditadores democráticos que podem muito bem prejudicar-lhes a carreira consoantes os apetites e os humores que têm.
A ministra tem que ir para o olho da rua. Ela nem imagina o mal que está a fazer. Os professores têm que resistir. Pela sua honra. Pelo bem dos jovens com quem lidam. Pelo bem do país.
Que me importa que essa senhora tenha aquele olhar tenso de vítima encurralada que odeia o mundo? Que me importam males mal resolvidos por essa senhora? Que me importa que ela nos faça a vida negra? O que me importa é lutar contra ela. Lutar e vencer. Porque ela não sabe o que é um professor. Porque ela não concebe que um professor não vai permitir que uma figura menor o possa ultrajar.
Piores que esta ministra, só os seus lacaios que na escola engolem todos os seus escarros. Porque são medíocres. Ou porque esperam recompensas e cargos.
A ministra tem que ser posta no olho da rua. É um imperativo de dignidade. É um imperativo de quem é professor e gosta de o ser. É um imperativo de quem defende os jovens.
Senhora ministra, se lhe resta um pingo de vergonha, demita-se já.
Os professores não vão desistir.
E, se morrerem, morrrerão de pé.

4 comentários:

Nanny disse...

E vinha agora aqui uma jovem (rsrsrsr) só para dizer que acabou o último trabalhito do trimestre... e encontra este blog em chamas... isto está a arder, caríssimo!

Deixo-lhe um beijo solidário, e espero que não mandar-me para a rua a mim também :-)

Nanny disse...

*vá
espero que não vá :D

TempoBreve disse...

Cara Nanny!

Lá porque escrevo o seu nome, não pense que mudei de ideias acerta do meu não gostar dele.
Acontece muito às jovens virem dizer uma coisa e acabarem por se enredar noutras.
Mas você disse que acabou o tal trabalho. Parabéns porque o acabou. Mas de que será que trata?
Este meu canto aqui, às vezes explode em fogo. Mas o que é que queria?
Quem muito ama e chora palavras e imagens sentidas de meigura enternedida, terá também de odiar as palavras e as imagens agressivas com que nos querem ferir, magoar, e até matar.
Qualquer dia digo-lhe como é que isto funciona.
Não se assuste com o fogo, que ele, às vezes é necessário. Pode até ser destrutivo, mas é sempre purificador. Já viu a força que o fogo tem?
:-)

TempoBreve disse...

NaNNy!

Não. Não a mandarei para a rua.
Esta casa aqui é sua. Venha sempre que quiser.
Não posso é garantir-lhe a temperatura dos textos.
Até.
:-)