segunda-feira, 10 de março de 2008

Notícia da Agência Lusa: a luta continua.

NOTA INTRODUTÓRIA:

Hoje, ao longo do dia, fui contactado por vários colegas de várias escolas de todas as zonas do país. Como não me conhecem, telefonavam para a minha escola - D. Maria II -, perguntando por mim. No essencial, todos queriam congratular a minha escola e, nomeadamente, o Departamento de Línguas e Literaturas, pela posição assumida em reunião recente, posição essa que, para meu espanto, tem sido sistematicamente distribuída por todo o país, via e-mail, e por reprodução nos mais variados blogues sobre Educação. Um professor duma escola de Viseu fez questão de me informar que na sua escola o documento foi fotocopiado e distribuído a todos os docentes.
Fui também contactado por uma jornalista da Agência Lusa para recolher mais informações sobre o documento. O texto que se segue foi-me enviado pela Regina. Não sei se a Regina é a própria jornalista que me contactou via telefone, ou se é alguma colega que teve acesso a esta notícia e teve a amabilidade de ma enviar.
É uma notícia deveras interessante. Reproduzo-a, na íntegra. Leiam-na e divulguem-na.
Não podemos parar. A luta continua.
Não se enervem com os Tavares nem com outros avatares rangedores. Não nos metem medo. Falam do que não sabem. Mas nós sabemos. Não lhes temos medo.

regina disse...

Notícia interessante

Lisboa, 10 Mar (Lusa) - A maioria dos estabelecimentos de ensino pediu o adiamento do processo de avaliação dos professores, alegando "grandes dificuldades" na sua aplicação este ano lectivo, revelou à Lusa o presidente do Conselho das Escolas (CE)."
A maior parte das escolas afirma não estar em condições de avançar e, por isso, solicita que a aplicação do processo arranque apenas em 2008/09", afirmou Álvaro Almeida dos Santos. Segundo o responsável deste órgão consultivo do Ministério da Educação (ME), as "grandes dificuldades" sentidas pelas escolas e invocadas para justificar o pedido de adiamento prendem-se com "a falta de maturação dos instrumentos, a ausência de recomendações específicas do
Conselho Científico [para a Avaliação de Professores] e a complexidade de todo o processo". Os problemas reportados levaram o CE a requerer à tutela uma reunião extraordinária, a realizar quarta-feira, na qual vai salientar "a necessidade de serem dadas condições para o desenvolvimento mais eficaz da avaliação".

Em declarações à Lusa, também Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), garantiu que "a grande maioria das escolas não está a avançar com o processo". "Umas nunca chegaram a iniciá-lo, outras decidiram suspendê-lo. É totalmente residual o número de escolas que aprovou os procedimentos de avaliação e que está a avançar. Se forem 20 a nível nacional, já será um número por cima", assegurou.

Num documento aprovado por unanimidade na semana passada e dirigido à ministra da Educação, o agrupamento de escolas da Pontinha, por exemplo, manifesta "a sua apreensão relativamente ao cumprimento dos procedimentos estabelecidos no decreto" que regulamenta a avaliação de desempenho, considerando que este processo "não é compatível com tempos escassos e orientações genéricas"."Concentrando-se todo o processo de avaliação no 3º período, ele gerará uma turbulência e desorientação na vida das escolas que em nada beneficiará a melhoria dos resultados escolares e a qualidade das aprendizagens dos alunos", refere o documento, assinado pelos conselhos executivo e pedagógico deste estabelecimento e já enviado ao ME.Neste sentido, o agrupamento de escolas da Pontinha propõe "que seja adiado o processo de avaliação de desempenho do pessoal docente, entretanto iniciado, para momento posterior ao da publicação de todos os documentos, regras e normas legais", pedindo ainda que seja concedido um "período de tempo mínimo" para a adequação e actualização dos instrumentos de regulação internos.

Idêntico pedido deverá ser aprovado esta semana pela escola secundária da Gafanha da Nazaré, depois de o conselho executivo ter admitido "muitas dificuldades" em implementar o processo."Hoje de manhã, numa reunião informal, houve uma manifestação pública por parte dos docentes relativamente à necessidade de suspender a avaliação este ano lectivo, já que neste momento é totalmente inviável prosseguir o processo. Deverá ser aprovada uma deliberação nesse sentido, na próxima reunião do conselho pedagógico", disse à Lusa Vítor Januário, professor de Português naquela escola.

Já na básica do 2º e 3º ciclos da mesma cidade, a presidente do conselho executivo admite que tudo está a andar "muito devagar", não tendo sido ainda aprovados os instrumentos de registo e indicadores de medida."Não estamos a fazer muito para que o processo avance. Tenho esperança que venham outras directrizes ou uma tomada de posição do primeiro-ministro. Alguma coisa deve estar para mudar depois da manifestação", afirmou Ana Seabra.

Os problemas relacionados com esta matéria estão igualmente a ser sentidos na secundária D. Maria II, em Braga. Numa reunião realizada na passada quarta-feira, os professores do departamento de Línguas pedem a suspensão "imediata de toda e qualquer iniciativa relacionada com a avaliação". No documento, já subscrito por 55 docentes da escola, cerca de 60 por cento do total, os professores alegam, nomeadamente, que o modelo de avaliação é "tecnicamente medíocre", contém "critérios subjectivos" e permite que os avaliadores sejam menos qualificados do que os avaliados, na sequência das "injustiças" verificadas no concurso para titular.

A Lusa tentou contactar o ME, o que não foi possível até ao momento.

JPB/MLS.Lusa/Fim
10 de Março de 2008 19:51

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